E como se descobre qual dos seus de fato o é. Normalmente, é aquele que nem sequer foi pensado para causar tal efeito. Ele só existe e você ama. Mas é por você amar ele, que entrega um traço de personalidade que até então, as pessoas ao redor não perceberam que você tinha. E isso acende um alerta. As coisas vão mudar... O meu vestido foi o que usei nos meus 21 anos. Eu havia topado com ele numa loja e me apaixonei. Numa dessas oportunidades que parecem relâmpago e que parecem destino. À primeira vista, ele era longo e vermelho. Okay, eu já havia decidido por ele. Não precisava de mais argumentos. Fui provar… E aqui, senhoras e senhores, entra aquele detalhe. O vestido tinha duas fendas! DUAS! Uma em cada perna. Mas não eram fendas ditas “comportadas”, eram fendas que vinham até a coxa. Quase toda a perna de fora.
Fiquei muito bonita no aniversário, foi como tinha que ser. Mas claro, gerou o burburinho. Eu não liguei muito, ninguém havia se oposto tão veemente e censurado o vestido, enfim, era só um vestido. O tempo passou, mais aniversários passaram. Isso nem se trata de aniversários. Eu saí de casa, fui morar com o namorido, o tempo passou hardcore. Eu nem lembrava mais dessa peça.
Até o dia em que eu quis usá-lo novamente. Aqui entra uma explicação sobre a mudança: eu havia separado roupas para doar. Muitas roupas haviam sido destinadas para doação e de fato, foram. O meu coração apertou e pensei: poxa, acho que perdi um dos melhores vestidos que tive. Só que outro pensamento ocorreu também: o de que eu pudesse vê-lo pelas ruas de Taquara, desfilando em outro corpo e com outro significado. Dei de ombros e superei. Pelo menos, seria usado.
Era uma linda tarde de quase verão, anos após. Estava na casa da minha mãe e comemoramos alguma coisa em família reunida. Numa dessas conversas despretensiosas da vida, comentei como eu era distraída de, enquanto fazia as malas para sair de casa, havia confundido as mudas de roupas e destinado um dos meus vestidos favoritos a outra pessoa. Minha irmã me corrigiu nesse momento. Krishna, o teu vestido está com a mãe. Como assim, eu esqueci ele aqui? Acho que sou super distraída, então. Não, não, Krishna. A mãe pegou ele e guardou.
-MÃE!
Ela chegou, distraída. Questionei sobre o vestido. Aquele que tu me deu no Natal? Nisso eu já ria de nervosa. Mas a minha irmã, que foi cúmplice na informação, corrigiu minha mãe. Não, mãe… Aquele que tu pegou quando a Krishna se mudou. Pronto. Eu ri de alívio de ter ter boas notícias do vestido. Eu ri com a situação da minha mãe ter escondido um vestido. Era tão bobo, tão… engraçado. Mas foi assim que eu pedi ele de volta: Onde está o vestido da discórdia?
Claro que também fiquei um pouco chateada com a mediadora da situação que só foi jogando as informações como se nada tivesse acontecido. Ele estava ali o tempo todo, esses anos todos, esses verões todos. E ninguém nunca disse nada. Mas saibam, mulheres: O vestido, àquele que sempre retornará à Dona de origem, voltou. Intacto. Do jeito que estava, ficou. E eu entendi essa lei sobrenatural que rege uma mulher e seu vestido da discórdia.
Usei no meu aniversário, novamente, de 25 anos, dessa vez. Tudo estava como tinha que ser, era só mais uma história para contar. E assim foi. O tempo passou, agora sem vestidos tão marcantes, mas ainda assim, excelentes vestidos. Cada um com sua personalidade. Às vezes, me deparo com esse vestido no guarda-roupa, lembro da história e rio. O mais engraçado é o motivo da “surrupiada”. Era pra me proteger. De quê ou de quem? Acho que só ela sabe. Mas saibam que já me senti protegida, quando o comprei na loja. Estava tocando música gospel e eu estava louvando a Deus pela surpresa. O meu vestido da discórdia, vocês podem ver aqui:
E o de vocês? Qual é? Fala aqui nos comentários! <3
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