Sabe esses dias em que vamos dar um passeio e voltamos completamente transformados? Pois aconteceu comigo! Era um dia em que eu estava com muita ansiedade, com certo medo do futuro -como qualquer jovem da minha idade- e resolvi que iria até o centro, dar uma olhada nas lojas e enfim, espairecer.
Durante essa caminhada com o meu excelentíssimo companheiro, nos deparamos com uma loja de vestidos em promoção. Bom, pensei. Era só uma olhada, o que poderia acontecer?
Não sei dessas relações que costumo criar com vestidos, mas quando bate o olho, bate o sentimento, e depois fica difícil de se desapegar. Tenho tido algumas paixões severas por essa peça em particular. Gosto de combinar com jaquetas, salto alto, meio salto, um sapato mais diferente.
Começou pela minha cor favorita vestindo um manequim na vitrine. Um longo vestido laranja coral, esvoaçante. Imaginei que tipo de situação usaria aquela peça. Um lançamento de um livro? Sim, provavelmente sim... Um jantar romântico? Prefiro o outro. O outro levemente com brilhos em uma cor verde. Modelo mais curto.
Ainda pensava em situações. Desses medos de não conseguir. Ou não ser capaz. Um pouco alheia ao meu redor e completamente distraída em pensamentos. Desses que não se controla, só vem. E faz você questionar até o inquestionável.
Ainda passando o olho pelos vestidos, dessa vez já sem enxergar direito, um toque soou diferente aos dedos. Voltei para a realidade e ali estava o vestido mais lindo que eu já vira na vida. Branco.
O que realçou a beleza daquele vestido foi uma certeza que viera ao meu coração. Dessas que, quando surge, é inquestionável. Aquele era o vestido que eu me casaria no civil. Provei ele, olhei meu reflexo no espelho e tive a confirmação.
Saí do provador e encarei o Mozão. Falei pra ele das minhas intenções. Já havíamos conversado várias vezes sobre isso. E agora o vestido concretizava um sentimento. Senti que em uma caminhada eu amadurecera uma grande ideia. Uma ideia sobre o futuro. Uma certeza sobre o futuro.
Imaginei passando esse vestindo para a geração seguinte. Ou usando ele no nosso septuagésimo aniversário de namoro. Faltam 61 anos. Vai passar rápido. Vou poder compartilhar ainda aqui no meu blog. Na minha crônica Beijos e Bilhetes - Crônicas de uma Jovem Idosa. Vou poder reviver esse momento. Reler sobre esse texto e lembrar desse dia que não quero esquecer. Essa sensação de pertencer a um amor.
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